Voa, sabiá...
Esther Ribeiro Gomes
‘Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho,
voou, voou, voou, voou...
E a menina que gostava tanto do bichinho,
chorou, chorou, chorou, chorou...’
(Hervé Cordovil e Mário Viana)
Sabiá, vens ao raiar da aurora,
acordar-me do sonho de outrora
do tempo em que era feliz...
Talvez o destino não quis,
ou, quem sabe, não era para ser,
o amor que eu sonhava ter...
Sabiá, podes me trazer de volta a alegria?
Aqueles sonhos povoados de fantasia,
da alma de criança que teimo em preservar,
voando ligeiro, não podes ir buscar?
Sabiá que me encantas com teu canto,
se voasses para bem longe, além mar,
talvez pudesses secar meu pranto,
levando teu alegre chilrear
para alguém que continuo a amar...