Ser Bicho.
Hoje não quero escrever.
Quero ver de perto o verde deste parque.
Observar esses pássaros,
nos seus embarques e desembarques.
Vou me deitar nesta grama
pra sentir a doçura do seu aroma.
Deliciar-me na brandura e na pureza,
dessa água que derrama.
Com ela limpar o sal, das lágrimas
que meu rosto banham;
então sentirei da vida o gosto
das coisas simples e sua beleza.
Vou me entregar à natureza,
ser parte do verde dessa plantação
exalar-me sem fama
ter como teto o céu;
dos pássaros a compaixão;
e o chão a minha cama.
Repensando, voltarei a escrever.
Vou falar o idioma dos bichos,
fazer o meu habitat no seu Nicho,
embrenhar-me nas veredas das matas
e ter uma nova natalidade: ser planta,
ave, água, montanha ou primata.
Assim reportarei a você o que eles falam.
Eles não reclamam, não choram.
Não compram e não vendem.
Não estudam e todos os idiomas entendem.
São maestros, engenheiros, braçais,
são viajantes e mensageiros da Paz.