Ser Bicho.

Hoje não quero escrever.

Quero ver de perto o verde deste parque.

Observar esses pássaros,

nos seus embarques e desembarques.

Vou me deitar nesta grama

pra sentir a doçura do seu aroma.

Deliciar-me na brandura e na pureza,

dessa água que derrama.

Com ela limpar o sal, das lágrimas

que meu rosto banham;

então sentirei da vida o gosto

das coisas simples e sua beleza.

Vou me entregar à natureza,

ser parte do verde dessa plantação

exalar-me sem fama

ter como teto o céu;

dos pássaros a compaixão;

e o chão a minha cama.

Repensando, voltarei a escrever.

Vou falar o idioma dos bichos,

fazer o meu habitat no seu Nicho,

embrenhar-me nas veredas das matas

e ter uma nova natalidade: ser planta,

ave, água, montanha ou primata.

Assim reportarei a você o que eles falam.

Eles não reclamam, não choram.

Não compram e não vendem.

Não estudam e todos os idiomas entendem.

São maestros, engenheiros, braçais,

são viajantes e mensageiros da Paz.

Paulo Acácio
Enviado por Paulo Acácio em 10/11/2010
Código do texto: T2607752