Vida
À vida é o tempo que a carne percorre, é o tempo que passa
É a vida que fica mesmo em morte
Porque há sempre uma vida presente para acompanhar
Uma vida que passa; Deixe que passe!
Guarde tudo como uma imagem retratada em tela, que nessa ocasião
Deve ser a alma.
Recolha os passos já marcados, a voz já dita, a felicidade já sentida e o choro incontido.
Adentre a teu espaço infinito os poucos a que amas
Porque muitos a que amar se torna frágil e perde-se de vista.
Acolha os sentimentos esquecidos e sepulte o ódio já sentido
Enterre tudo, mas não com terra, e sim com amor;
- Até o que lhe fere lhe presenteia com a vivência do perdão.
É verdade que há os que se perdem sem saber que a ninguém nunca existiram
Com esses a vida nunca habita, porque nunca viveram, e nem nunca viverão
Pequeninos fragmentos de pó em um museu de quinquilharias
Esses que sofram os males da solidão, à lepra do abandono
Tiveram tempo para aprender, e com a lição vivida
Inventaram a mentira, o desgosto, à cólera egoísta
Desses deves esquecer por compaixão
Agora aos teus, fotografe-os com as lentes da retina da alma
E os abrigue no DNA do teu sangue de homem bom, sem temer tempestades
Porque estaram em ti e dentro do teu precioso tempo
E quando um a um eles partirem, não tema tempestades
Porque teus olhos vão chover...