A gravata amarela

Uma gravata amarela,

camisa bonita de linho

da cor azul

e um terno preto

talvez não combinasse,

mas tava todo perfumado,

hum...

todo arrumado

assim é um

apaixonado

quando sai para

ver a amada...

E ela morava na rua

de Azevedo

perto

dos correios

uma casa

pequena e simples

dava pra ir

a pé,

ralé,

casinha pequena,

mas arrumadinha

tava toda cheirosinha

louquinha

pra ver o seu homem...

A gravata amarela

Passeava com o vento

Sufocada pelo terno

de segunda linha

ele de cabeça em pé

todo metido

e sorridente

caminhava pra

todo mundo ver

o povo olhava e sorria

talvez não de alegria

mas de zombaria

por aquela gravata amarela

que não combinava com nada

nem com o dia nem com a noite;

mas ele não percebia

e feliz ia pra casa de Maria...

Chegou; abriu o portão

Que quase caiu por ser

Tão velho e enferrujado

- Maria cheguei!!

- Pode entrar Zé estou quase

pronta, só falta ajeita o cabelo;

crespo e bem cuidado

onde colocava ficava

que beleza!

Tava no interior da sala

toda meiga e feliz

Ele ajeitou a gravata amarela

E entrou todo todo e todo

Amoroso deu um beijo

Gostoso naquela boca

toda vermelha, um batom

novo que acabará de comprar

- Nossa Zé que gravata bonita!

Se vê como agente combina

É da cor do meu vestido

Amarelo mostarda

Ele sorriu e com um abraço

Confirmou o que ela acabará de

de dizer...

Iam pro cinema, todo mundo elogiava

Mas logo riam por traz daquele belo casal

Que passeava e iam alegres

E despreocupados

Era Zé e Maria se elogiando

E se beijando...

É realmente o amor nos cega

Nunca se viu um vestido

E uma gravata tão ridícula

E tão amarela

mostarda

Mas sabe, Zé e Maria casaram

E usaram aquele vestido e aquela gravata

Muitas vezes naquele ano

E foram felizes...

E eu aqui??

Vou ter que comprar uma gravata amarela também?

Não!!

Continuo assim e

quem sabe não encontro um dia

fui até mais....