Fulgurações em movimento.
Esperei por tua voz no vento. Esperei por teu carinho olhando à distância.
E na loucura das horas em que a tortura foi fidelíssima companhia
banhei de noite meu olhar e serenei no solo minhas lágrimas,
férteis palavras, sinônimo da dor de tua ausência.
Iniciei um pacto com o tempo para não amarelar minha memória
e teci nos montes o teu corpo para meu prazer.
Acariciei a brisa de um novo dia, entranhei nos raios do sol o meu desejo,
semilouca colecionei segredos de mil pedregulhos.
Fiz do meu sentir rocha indestrutível, impassível forma fixa em diálogo .
Deitei em teus ombros a gana siderada de minha carne,
única Esfera a rolar na palma de tua língua,
poesia em teus horizontes, cabelo do vento em desalinho.
Folheando-te aurora estremeci madrugada porque te amo
e tua forma de fecundar meu ser é luz fecundando luz.
Ah! Teus olhos em infinita paixão
principiaram a canção com que fui criada para o amor
e a pureza de nossos toques selaram as primaveras que virão,
doçura permanente de sementes de outros outonos,
florir contínuo luzindo nas falas dos deuses.
Singular, colheste minha sanidade,
e meus impulsos de fêmea comungaram a matéria de nossa criação
no véu que se abriu para abrigar teus anseios.
Esperei-te e não cedi a ponta da lança
porque teu amor eterno, era sabido, por meu coração secular.