Tão pouco
Eu tenho uma toalha e o meu olhar cansado
Eu tenho um pesadelo e um sonho ao meu lado
Eu corro para o vento ao olhar tão atordoado
Eu corro para as luzes sem dizer tão calado
Ela chora com um sorriso tão contraditório
Ela chora, mas sorri e até parece um velório
Ela anda na cozinha e senta no dormitório
Ela anda assim sem graça de um modo tão inglório
Ela e eu caçamos as poeiras do porão
Ela e eu, somos a brasa, fogueira do fogão
Mas ela não me engana não
E eu não a engano também
Ela sabe o que é sempre e eu sei que é além
Ela é a poesia viva, talvez por isso não escreva
Ela é as palavras que eu vou dar a ela
Talvez ela não deva
Entregar todos os seus sonhos ao primeiro poeta que chega
Ao primeiro verso inspirado num jeito tão branquinho
E em um sorriso tão inteirinho
E como eu não sei se ela pode abrir a porta para mim
E como eu não sei se ela pode me aceitar assim
Eu vou fazer mais um versinho
Porque ela é muito mais que as palavras um poema tão simplesinho