O poeta angustiado
Falei muitas coisas; até palavras sensatas.
Tentei mostrar o segredo despido pela mente do poeta.
A alma sucumbe ante o delírio de nossa pena.
Brincamos com as palavras; abrimos mentes, criamos mundos.
Observamos ao nosso redor, o nosso interior, nunca perdemos a cena,
O momento, o retrato de um pensamento, a dor, o amor, o sofrimento.
O vidente lê os espíritos e sente suas fibras; penetra suas entranhas.
A angustia, o fascínio, o horror, a paixão, e muitos outros são seus motores.
Entre eles, no trono, está o coração; o peito é cordel, é canção.
Seu olho é o buraco do mundo; despe o véu de todos os tormentos.
Falei dos outros e de mim;
Vi o outro em mim e eu nele.
É bom matar o bode e curtir o coro,
Contudo em tudo carrego um choro;
Clamo no meu silêncio ao vento, se me escuta.
Não sei o final desta luta.
Enquanto houver figuras moventes; sombras viventes.
O vidente, com seus olhos, ilumina a estrada.
Fixa-se nas pegadas em sua caminhada.
Sonha acordado um bom mundo,
Fala de um dia real.
Mas tudo não passa de palavras.
Invenção nossa, como tudo mais.
Coisas de poeta angustiado...