A Sombra Nas Ondas Do Mar
A lua sobe pulsando aos cardeais e areia
Enquanto vens enrustindosse no beijo sequioso das bonanças
Olhas p'ra trás como à ânsia que tarda o amor que não chega
(Deitas na areia com tua graça úmida)
O solstício não aguarda teu coração palpitar
E te invade à noite como à lágrima que acalantas
Repousará em ti o corpo que esperava e que deixaste partir
E os anjos que dormem nas ondas
[Partirão para que te vulneres o desejo.
Passas as mãos mais uma vez sobre à ausência que lhe dita o amor
E lhe corre o pranto do seio de tua omoplata que o toque não precipita
Teu sonho bate nas ondas e crava nas rochas um coração de granito
Onde te âncora no cais sombrio o sentimento sozinho
[Das tardes que amavas
Ficarás imóvel e sem vida enquanto à maresia lhe afoga o coração
[Que na pedra é tua carne
E a dor do abandono regressará das chuvas que contemplavas na infância;
- Ouve como vem a placidez do sal no que o mar não conhece doce...
Afaga teus cabelos no salobre e deixe o flutuar
[Aos abismos que o tempo torna longe
Saltarás para além de cima e acima da luz que a treva dorme
E os raios do plenilúnio elevará teu semblante para os cantos pacíficos das águas
Onde na sombra do mar serás os amores dos cardumes
[Nas mãos dos pescadores...