A incandescência dos sentidos
José Ribeiro Zito & Maria Thereza Neves
Eras então o tempo
De uma Primavera inacabada,
Um pouco mais de silencio e de espanto
E todas as veias dos sentidos
Engrossadas de sensações
Transbordando as margens dos olhos.
Zito
Eras o verão que chegava
florindo meus dias de cerejeiras
aquecendo os sentidos
jorrando emoções
acendendo vulcões.
TT
Eras a hora da criação completa,
Resumo universal da beleza,
Maravilha acabada
Pronta a ser colhida em flores de ser.
Zito
Eras o meu mundo
esculpindo outro mundo
tão completo
tão repleto
tão cheio de Primavera.
TT
Eras sempre e sempre mais
Apalpando o absoluto
Na corola do instante eternizado,
Visão encarniçada do infinito
Estremecido de comoção.
Zito
Eras as gotas em rabisco nos mares
as ondas sobre ondas
escorregando nas brancas maresias
que empurravam , soprando grãos de areia
nos caminhos das plenas lembranças
TT
Eras o espanto contemplando
O lençol estendido do universo,
Doce fruto onde a ciência desaba
O amor se apronta
E o tempo não acaba.
Zito
Eras o orvalho que debruçava,
adormecia comigo na grama
em mil cores plantando jardins, abrindo botões
espalhando folhas ao vento no azul do tempo
que se mesclavam, misturando nossos pensamentos
TT
Eras então apenas tu
E tudo o que eras tinha tudo
O que me bastava
Como se o bastante fosse tudo
No infinito em que me iludo.
Zito
Eras a chuva,
as poças que eu dançava nas esquinas
com a magia da lua escrevendo poesias
abrindo todas a cortinas, acendendo estrelas
fascinando com toques ,
retocando nossas almas
libertando corações em flores.
TT
Eu era dentro do teu ser
Um pouco desse tudo
Mais que tudo vivo nos sentidos
E um só pouco desse tudo
Era o bastante,
Tudo o que me saciava.
Zito
Eras tudo que queria
de voltar ter
tudo que gostaria
de voltar a viver
até o fim do meu eterno viver.
TT
(Portugal & Brasil-09/10/06)