PELA LIBERTAÇÃO DA PALAVRA DOS LIVROS

Pela libertação das palavras dos livros

Que ganhem pernas e asas

Que ganhem as praças e olhos e mentes

Pelo fim do isolamento dos livros

em prateleiras vistosas, empoeiradas

Esquecidos nas bibliotecas particulares

Pelo fim das lombadas douradas

Como se livros fossem peças fixas

Mera decoração barata

Quero pincéis, tintas e poemas nos muros

e na expressão diária dos telejornais

Mais literatura nas novelas e menos celebridades

Quero poesia nos out-doors, nas praças

Em espaços fixos, em murais, em varais

E tribunas para todo mundo se expressar

Quero a palavra livre, solta,

andando a toa por ai, tomando de assalto

velhos, crianças, espertos e incautos

Quero literatura nas vilas, vielas, favelas

Em versos, em trovas, em prosa

O povo declamando vida pelos poros

Que o analfabeto conquiste a palavra

E a use como arma todo dia

Que o literato a lance a todos

E que o Brasil seja um país novo

e o poeta que fabrica seu biscoito fino literário

possa enfim saciar o povo