MIGALHAS

Em cada canto deste corpo,

Palpita um vaso irrequieto;

Irriga-se, d'esperança, um sopro;

Alimenta-se do futuro incerto.

Em cada poro desta derme,

Expele-se um líquido à lume;

Transforma-se, o sangue, em seiva;

Faz-se, do suor, perfume.

Em cada pulsar, neste peito,

Escuta-se teu nome, em súplica;

Buscando o calor da companhia,

Acha o frio da ausência tua.

Em cada balbúcio desta garganta,

Encontra-se a voz do desespero,

Causado pela tamanha distância,

Forjada pelo amor, com esmero.

E este idealista, açoitado pelos dias,

Decerto contenta-se em sobreviver

Das migalhas de amor, nas mãos vazias,

Que insistes em oferecer.

O Daltônico
Enviado por O Daltônico em 05/11/2010
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