Inã
Vó Inã sempre esteve à beira do rio.
Vó Inã lavava os curumins à beira do rio de Oxum.
Eu estive lá, eu vi.
As ondas do rio são serpentes douradas à luz do sol.
Sua água cristalina como o puro cristal.
Natural.
Suas mãos nunca machucaram seus filhos.
Sua calma é como o silêncio de um lago.
Há um canto que acalenta.
Sossega a alma.
Os peixinhos nadam em paz.
Os pássaros pousam e descansam.
A serpente não anda por aqui.
A onça conversa com a criança.
Sinto muitas saudades das bandas de lá.
Vejo a visão que logo desaparece no tempo.
As cachoeiras louvam a mãe da água.
E as águas correm, correm as águas até, sei lá...
São corredeiras e nunca param.
As pedras contam estórias.
Umas sabidas.
Entendidas.
Outras, simplesmente perdidas.
Sentidas.
Choradas.
Engolidas.
Esquecidas.
E...
Superadas.
Ou não.
As águas desgastam a terra,
A pedra polida está no fundo do rio.
Vó Inã já foi.
A tarde deitou o sol na cama da noite.