Inã

Vó Inã sempre esteve à beira do rio.

Vó Inã lavava os curumins à beira do rio de Oxum.

Eu estive lá, eu vi.

As ondas do rio são serpentes douradas à luz do sol.

Sua água cristalina como o puro cristal.

Natural.

Suas mãos nunca machucaram seus filhos.

Sua calma é como o silêncio de um lago.

Há um canto que acalenta.

Sossega a alma.

Os peixinhos nadam em paz.

Os pássaros pousam e descansam.

A serpente não anda por aqui.

A onça conversa com a criança.

Sinto muitas saudades das bandas de lá.

Vejo a visão que logo desaparece no tempo.

As cachoeiras louvam a mãe da água.

E as águas correm, correm as águas até, sei lá...

São corredeiras e nunca param.

As pedras contam estórias.

Umas sabidas.

Entendidas.

Outras, simplesmente perdidas.

Sentidas.

Choradas.

Engolidas.

Esquecidas.

E...

Superadas.

Ou não.

As águas desgastam a terra,

A pedra polida está no fundo do rio.

Vó Inã já foi.

A tarde deitou o sol na cama da noite.

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 04/11/2010
Código do texto: T2597155
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