Palavras Anti-sociais
Entre páginas rasgadas de cadernos profanos.
As primeiras linhas sagradas de versos insanos.
Após teclas pressionadas e cordas tocadas.
As primeiras estrofes de canções afinadas.
Ritmos encantados, de sentido ao acaso inventado.
Abusando da utopia, da eterna fantasia e o romance exagerado.
Melodias infinitas narrando eventos banais.
Retratando morte e vida em palavras anti-sociais.
Viciando olhares curiosos, a alma viciando a mente.
Vício que atinge a carne e o corpo não sente.
Recuperando a lábia pecadora do poeta inocente.
De criança a prisioneiro da poesia inconsciente.
Poesia é droga consumível que corre na veia, eu sinto.
É a droga de uma taça abrigada por doses de vinho tinto.
Poesia é mal necessário, tão ausente quanto antigo.
É essência que em sua ausência faz-se presente sem motivo.
Transformando súbitos arruinados em vorazes algozes.
Injetando o vinho tinto em singelas overdoses.
Relembrando histórias fugitivas em mentes indiscretas.
Pelas esquinas esquecidas de verdades insinceras.