DUAS MULHERES
... desde o fundo desta noite
uma mulher me olha
julgo reconhecê-la
ela me olha
certa de conhecer-me
julgo desconhecer-me
nesta mulher que me olha
certa de conhecer-me
desde o fundo de uma noite
perdida nos desvãos de nós
julgo reconhecê-la
desde o fundo olhar
de mim, a esta mulher que olha
a mulher que me olha
certa de conhecer-me
desde o fundo do tempo
nos desvãos da noite
sem remédio e sem fim
duas mulheres se olham
uma esfinge outra pitonisa
eu a olhá-la esfinge
ela a olhar-me pitonisa
eu pitonisa ela esfinge
enigmas a decifrar
desde os confins da noite
pássaros de nunca mais ...
Poema original de 18 de outubro de 2009, com algumas alterações.