Raios fúlgidos

No velho trapiche, graciosa,
No colo um negro cãozinho,
Aos primeiros raios da manhã,
Obstinada, ela aguardava...

A estrela d’alba, dissolvida,
Em expressiva obra de arte,
Reluzia na superfície cristalina
Das grandes marolas azuladas
Da praia deserta...

Inquieta e sonolenta, ao frescor
Da aurora, ela esperava...
O pequeno barco avistar...
De seu amado, as notícias
Revigorado homem do mar.

A cor âmbar foi se impregnando
Sob as asas da bem-aventurança
Pelas clareiras da imensidão...
Em raios fúlgidos, na festiva e
Brilhante manhã de primavera

Pouco a pouco, lá do horizonte,
Vigorosa... veio a embarcação,
Adentrando a brumosa baía,
Singrando o mar bravio, com
Robustos homens, vidas a salvo.

Nos sulcos d’água, é nova manhã,
É mais um renascer, novos projetos.
Singela mulher, intrépido pescador,
Lá se vão por novos caminhos
Com a primavera resplandecente!



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foto: Izabella Pavesi