APELO A UM POETA
Naquele fim de tarde
Chegou-me, sem alarde,
Um apaixonado beija-flor
E disse-me que queria
De mim uma poesia
Para dar ao seu amor.
E eu também ouvi
Do pequenino colibri
Que ela é comprometida,
Mas disse-me o galanteador
Que por aquela linda flor
Ele daria a própria vida.
Eu fiquei sensibilizado
Com o apelo do apaixonado
E encantador colibri.
Não hesitei e, então,
Botei lápis e papel na mão
E estes versos escrevi:
“Minha amada... amada minha,
A paixão por ti me definha
E maltrata meu coração...
Faz o que quiseres comigo,
Mas não me permitas o castigo
De morrer, à míngua, de paixão!
Sê bondosa com meu peito
E faz de mim um sujeito
Dos teus lábios merecedor.
Eu te prometo, doce amada,
Que nessa e noutras floradas,
Não mais beijarei outra Flor”.