Arco-íris

Acordei assustado, preocupado

mesmo em ânsia desconhecida, preocupação sentida

em tentativa desesperada na escuridão do quarto

de recordar, relembrar,

o acto, local, circunstância,

apenas uma pista a seguir sem piedade,

um pequeno rumo, incerto,

necessidade extrema, interna,

destruída na memória carregada por nadas,

violências surdas, episódios passados, sensações distantes,

perdidas.

A madrugada ressurgia estampada na pouca luz,

tímida,

afastando sombras cinza estampadas por todo o lado,,

dispersas, empurradas sem piedades cantadas,

suor que tomava conta do corpo despido,

num momento de reflexão, incerto,

avanço decidido à gaveta empoeirada, aberta no segundo

temporal com um sorriso largo dissipando alegrias perdidas,

o arco-íris encontrado finalmente, entre conchas

de tempos fechados, dados lançados em imprecisões.

As cores conhecidas tomaram conta do espaço,

misturando-se numa dança fantástica jamais vista,

encadeando olhos brilhantes,

tudo equilibrado pelo pêndulo imparável recomeçando

batida cadenciada, infindável sem atrito,

naquele rápido segundo ainda o vi sair,

qual cometa janela fora,

colorindo como coral tudo em seu redor,

como desde sempre o vira depois da chuva,

mesmo quando naquele dia se escondera,

cansado do caminho.