CÉU ESCURO DE OUTUBRO
Nos cântaros de meus dias
Havia punhados de estrelas.
E eram tão abundantes
Que eu as podia ofertar,
Deixar verter em taças de alegria,
Escorrer pelos dedos...
Eu as dividia
E elas se multiplicavam.
Céu escuro de outubro.
Cântaros vazios.
Quem dá o que tem
A pedir vem,
Diz o adágio egoísta.
Noite de carvão.
Firmamento em solidão.
Para onde foram as estrelas
Quando abri as mãos
E as soltei no ar
Como pombas da paz?
Não mais são minhas.
Falta-me Luz.
foto: "Bubble Nebula", de P. Bernard Guedes