ENTRE A ALMA E O MÁRMORE
um é frio,
a outra, ardente,
mármores e almas
[numa eternidade não muito distante]
se encontraram
inutilmente
uma é chuva,
o outro, sombrio
[e numa intermitência nem tão intermitente]
se encontram
enviesados
como as lágrimas-parentes
aparentemente
[frios, ardentes, chuvas, sombrios]
se aperceberão
[tardes]
que apesar dos mármores e das almas,
aqui,
pouca coisa, ou quase nada, mudou:
o cimento vira reboco,
o mármore, papel;
quanto à alma,
[até então, tão bem guardada em cadáver]
ninguém saberá ao certo, se distante ou intermitente.