JANELA AMARELA
... a paisagem é pouca!...
cortinas de bambus frágeis,
ventam e cerram
em definitivo,
possibilidades de sol
... a paisagem é pouca!...
há ânsia de mar na ressaca
do quarto azul
de olhos amarelados
que janela,
curiosidades incomuns
nas pinturas jamais vista em quadros
... a paisagem é pouca!...
nenhum verão,
o frio
nas ruas de paisagens tropeçadas
cria frieiras, calafrios, dores de sapato novo
aos que não sabem desviar os calos das pedras
... a paisagem é pouca!..
uma chuva bate de açoite na janela do quarto
vestida de amarelo
como se de grau em grau procurasse óculos
para vestir meus olhos
das falsas molduras da erudição.
... a paisagem é pouca!...
cortinas de bambus frágeis,
ventam e cerram
a possibilidade de assistir ao fim da rua
apesar de um sol fura-greves.
... a paisagem é pouca!...
e, antes mesmo,
de em definitivo cerrar a janela do quarto
tranco a porta,
durmo meus olhos amarelos
e morro para a rua.
... a paisagem é pouca!...
os bambus, frágeis.