Um rosto desconhecido
Eu a vi somente uma vez.
A impressão de sua imagem ficou na minha retina.
Pele morena, cabelos castanhos claros, um corpo abençoado por Deus.
Ela estava na fileira de cadeiras à frente da minha.
Não sei seu nome.
Senti seu cheiro.
Vi o brilho de seus olhos.
Minha adrenalina subiu.
Talvez fosse a cafeína.
Ou a idade pedindo perdão por ter ido tão longe.
A jovem moça sergipana levantou-se e foi até o balcão.
Seus pés deslizavam sobre o brilho do chão limpo.
Desejei ser aquele piso; minha alma tornou-se amiga daquela figura tão bela.
O desejo aflorou novamente; desta vez o desejo de dizer o que a natureza havia provocado neste coração.
A moça saiu do caixa.
Caminhou até a porta; ajeitou os cabelos, olhou para trás.
A esperança é a última a morrer.
Morreu mesmo.
E eu estou vivo, sempre lembrado daquele rosto desconhecido...