Caatinga

A jurema nunca seca.

Nem o juá da caatinga de minha terra.

A pedra de sal corta como faca afiada.

Na caatinga tem de tudo:

Cascavel, urtiga braba e erva sagrada.

Sinto saudades da caatinga.

Tive amigos por lá.

Os homens são mais francos,

As mulheres mais quentes,

A rapadura desbota os dentes, mas, a meninada nem liga.

Era a casa de barro seco em armação de pau.

A porteira avisava quem chegava ao som da cachorrada.

Na caatinga todo mundo é igual.

Quando a sede aperta divide-se a água com o burro.

E o burro com o vizinho quando a fome arrebenta.

Carnaúba boa de cera,

Oiticica, óleo de algodão, castanha de caju.

Enchi a boca de água, pois, estou no Ceará.

Tapioca, ipioca, beira mar,

Jangadeiro valente, caboclo insolente,

Meu povo de Tianguá.

Passei por Sobral, subi a serra, cheguei a Meruoca.

O povo me contou de tudo uma fofoca.

Então, estufei o peito e chorei, era só saudade.

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 29/10/2010
Reeditado em 23/04/2014
Código do texto: T2585215
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.