Os dias da gente
Tem tanta coisa para se ver.
O mundo é tão cheio de coisas e pessoas e outras coisas.
Algumas rebaixam outras exaltam.
Um micro-ônibus transportava professores.
Um perfume veio de fora.
Era cheiro bom.
Cheiro de mulher.
O mato da roça esconde faces lindas.
Da macambira ao meu coração.
Foi o trajeto da seta do cupido.
Ela acenou, balançou a mão, tentou dizer.
Eu passei como sempre.
A mesma estrada.
A mesma poeira.
Nunca mais a vi.
Mas ficou na lembrança aquele rosto.
Seus traços se confundiam com a beleza do lugar.
A serra deita junto com a tarde ante seus pés.
Cochilei por um pouco rumo à cidade.
Havia um lago no caminho.
Havia uma sereia no lago.
A água era prata.
A sereia quase assim.
Seu rosto me lembra a macambira da estrada.
O cheiro que pulava dela.
O ônibus passou.
E eu nele.
Assim são os dias da gente.