Overdose

Ela nasceu às três.

Seu parto foi difícil.

Sua mãe muito sofreu.

Sua primeira noite foi com muito choro.

Seu pai fumou charuto.

Aquela foi uma madrugada feliz.

Uma fumaça sai do bueiro,

A calçada fuma com os mortos.

É noite na cidade dos homens.

Um raio caiu no pasto.

Viram sua luz.

Não atingiu nada.

Foi só um raio.

Ela cresceu para ver a vida.

Levava nos ombros um presente de natal.

Nunca vira um homem nu.

Sua carne ardia como pimenta nos beiços.

Suas entranhas se revolviam no seco de sua dieta.

Seu coração acelerado se perdia na imaginação.

Pobre criatura.

Fantasma vivo de sua estória viva.

Cruel realidade a levou àquela vida.

Não se sabe, mas parece, não sei.

Ela é filha de...

A pobre criatura viveu sempre presa a seu mundo e sua vidinha.

Nunca saíra para longe.

Sempre esteve perto.

Nunca fez sucesso.

Morreu de overdose.

Overdose?

De que?

Overdose!

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 29/10/2010
Código do texto: T2585195
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