O Amor Em Todas As Coisas

Canta o vento sua voz mais triste

E todas as estrelas que semeei no outono

Morrem em teus lábios na primavera

Erguem dos teus pulsos os rios mais nobres

E entre seus dedos dedilham as areias do tempo

Caminhas deixando ao solo tuas pegadas de topázio

Onde ourives recolho-as para o mais íntimo da vida

Um beija-flor de luz plana perto a lua

E em teu sonho de mistério rouba-lhe cerejas de tua garganta

Tens no riso o encanto das baleias

E na lágrima as pérolas dos mártires

O cheiro das orquídeas emana dos teus cachos

E junto ao céu mora tua voz de timbre de crepúsculo

Pálido são os raios do luar perto a teu resplendor

Antecipas no trigo a essência do pão

E te irrigam os grandes frutos na flor da esperança

Teu coração faz romper as chaves dos continentes

E na infidelidade das ondas que beijam o rio; És o confronto

És os traços da vida nas mãos dos que do mundo são

Te escondes no casulo das volúpias de tua carne de mulher

E da solidão és à sombra da companhia que não vem

Estás no amor dos amores e na cor das cores

Habitas na gruta os feixes que a luz não ousa

E em teu sangue queima a lavra do vulcão adormecido

Magma onde na magnitude transborda járdia ao sentimento da terra

Quando lhe imitam as estrelas mais longínquas

Que junto à noite derramará seu véu no horizonte esquecido

Por onde quasares lhe emprestaram os astros

Para que subas emanando a constelação das paixões

Aos olhos dos que entendem à essência e o sentido do amor...

Gabriel Alcaia
Enviado por Gabriel Alcaia em 28/10/2010
Código do texto: T2584224
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