O Amor Em Todas As Coisas
Canta o vento sua voz mais triste
E todas as estrelas que semeei no outono
Morrem em teus lábios na primavera
Erguem dos teus pulsos os rios mais nobres
E entre seus dedos dedilham as areias do tempo
Caminhas deixando ao solo tuas pegadas de topázio
Onde ourives recolho-as para o mais íntimo da vida
Um beija-flor de luz plana perto a lua
E em teu sonho de mistério rouba-lhe cerejas de tua garganta
Tens no riso o encanto das baleias
E na lágrima as pérolas dos mártires
O cheiro das orquídeas emana dos teus cachos
E junto ao céu mora tua voz de timbre de crepúsculo
Pálido são os raios do luar perto a teu resplendor
Antecipas no trigo a essência do pão
E te irrigam os grandes frutos na flor da esperança
Teu coração faz romper as chaves dos continentes
E na infidelidade das ondas que beijam o rio; És o confronto
És os traços da vida nas mãos dos que do mundo são
Te escondes no casulo das volúpias de tua carne de mulher
E da solidão és à sombra da companhia que não vem
Estás no amor dos amores e na cor das cores
Habitas na gruta os feixes que a luz não ousa
E em teu sangue queima a lavra do vulcão adormecido
Magma onde na magnitude transborda járdia ao sentimento da terra
Quando lhe imitam as estrelas mais longínquas
Que junto à noite derramará seu véu no horizonte esquecido
Por onde quasares lhe emprestaram os astros
Para que subas emanando a constelação das paixões
Aos olhos dos que entendem à essência e o sentido do amor...