ESPERANÇA VÃ
A paisagem sob os olhos
vai passando
fugaz...
Estações, amores, sonhos
vão ficando
para trás, abrolhos.
Na memória,
tatuagens lisas
e cicatrizes de incisas feridas.
Marcas da história,
colagens
em matizes risonhos.
Uma pintura acabada,
de imagens partidas e tantas,
que se quer restaurar...
Mas a vida avança,
esmaecendo as cores
da vã esperança.
No quadro redivivo
a natureza jaz. Fria e morta.
E a beleza do que se vai
amortecendo,
apenas traz uma clareza:
só a saudade conforta.
Lina Meirelles
Rio, 28.10.10