Alma de Vinho
Sou de um tempo
De um tempo que nunca me pertenceu
Dos cheiros que não senti
Das histórias que não contei
Não é por cores e panos
Mas porque cresci fora do meu tempo
Que não posso chamar de meu
A alma do meu tempo tem gosto de leite e de mofo
Meu destino é romano
Minhas festas são celtas
Minha guerra foi vencida
E todos são rudes e trogloditas
Um mundo novo de águas preto e branco
A fronteira final que não cruzaremos
Uma alma banhada no mediterrâneo
Devorada por um só deus
Sou o que me forjaram
Homem, mármore, e palavra se confundem
Crio o mundo perfeito que tomarão por imperfeito
Sou filho dos meus herdeiros
Pai do meu sangue
Carrego a cruz dos pecados do mundo
E aprendi a não dividi-la