Mutação constantemente renovada

Relâmpagos breves dispersos pelo horizonte,

perdidos nas imensidades escuras brevemente iluminadas,

aparência iludida a cada espasmo luminoso

em beleza clareada por momento único

fantástico,

visão conturbada, difusa,

tapada na ilusão constante disfarçada pela noite,

sem alegria, um raio sequer.

Assim se encontrava no cume da montanha,

mirando apenas, sem intervenção demoníaca

ou celestial,

humano em incompreensível mutação profunda,

total,

nas desconhecidas respostas sucessivas,

por infindáveis perguntas desnecessárias

procuras nos rumos desconhecidos,

o medo, receio

de escolhas decisivas solicitando paragem no tempo

inexorável,

indomável

naquele último espasmo, clarão brutal da natureza revoltada,

içou corpo dolorido, tudo de novo

entre pingos de chuva impiedosos

despido de recuos,

uma lua ainda escondida afastava lentamente

nuvens escuras, desafiava sonhos enterrados,

avançou decidido

direito a encruzilhada desfeita sem piedade,

um vento forte pelas costas empurrava,

renascera em mutação constantemente

renovada.