A AVE ESTRANHA
Falo! Falei, já disse:
Não é assim a ave estranha que voa,
que fala, bendisse:
Seja feliz a canção que entôa,
e o tempo não disperdice.
Vai correndo neste momento,
me saudou um certo pensamento
que falava e dizia coisas assim,
filosofando sobre a essência de mim.
Nem a havdalá e seu incenso
que marca o inicio da noite vespertina
falando de algo bendito que eu penso,
o triste olhar me fitou a linda menina.
Eu disse: Não falei, compus,
as mil faces da minha imaginação
desvendada das trevas, esta luz,
que estava guardada da emoção.
Assim me falastes em devaneio,
tu que me incitas ao meu iracundo
e sanguineo recheio
de mim, coberto de sono profundo.
Mas tu não falas, nem calas,
apenas reclamas do meu versejar,
me ponho a arrumar as minhas malas
e viajar até o lugar de te amar.
Não seja esta ave estranha
que te faça perder a compreensão
da linguagem que assanha
ritmícas batidas do meu coração.
Então não fales, nem penses mal,
orgulha-te da fluência do concatenar
eleva-te ao meu bom astral
a passos altos do lépido sonhar.
(YEHORAM)