Serenata
Que sonharia a moça
Que jazia solitária
Sobre a nua alva cama?
Quem atentaria nela?
Parecia que dormia
Nem as estrelas saberiam
Nem a lua infiltrada
Pelas dobras da cortina
De nada se tem certeza
Quando se olha de fora
Dormiria a bela alva?
Uma estátua parecia
Na penumbra desmaiada
Por onde vaguearia
Ninguém nunca saberia
Só a via a madrugada
Desprezara a sua vida
Que a si mesma sobrava
Com uma adaga enterrada
Em pétalas rubras a rosa
Sobre o nu lençol da vida
Em sangue se desfolhava.
Lisboa, 27/1/2004