Hino A Lorca

Na terra de teus passos

Urdira estrelas a teus pés

E a Andaluzia de tua Granada

Lhe fora tão ingrata!

Pobre poeta, grande poeta!

Reclinas-te a arte em teu sangue

E escondeu em tua carne outra carne

Igual a tua; - Sabes, o amor é para amar

E dele nasces-tes para retribuir.

Dentre constelações de letras

Foste o verbo e o epitalâmio dos astros

Que embora destruidos pela guerra

De homens sem almas e prostrados ao fogo

Te fizes-tes sentir um estrangeiro em tua pátria

Erroneamente... Combates-tes com tinta

As covas dos esquecimentos

E perpetuou tua essência com a imortalidade de tua métrica.

Foste a sonata de Luas quando falavas;

Cantavas lilázes com uma flor entre o peito

E semeava o mesmo perfume no teu coração de menino

Que tanto se perdeu, embora pouco viveu nessa vida de ninguém!

Combates-tes o esquecimento...

Na híbrida península de teu martírio

De anjo nu

Tocas-te a alma como ninguém. - Lhe fora ela

O instrumento mais tenro quando caiu em tuas mãos;

E o que fizes-te? A segurou nos punhos do coração

E a colocou no cibório do calvário de teus sonhos

E mesmo quando lhe agarraram ferozmente com o chumbo

O barulho que a pólvora dentro da voz da treva gritou;

- A bala no teu crânio foi o amor que te beijou...

Gabriel Alcaia
Enviado por Gabriel Alcaia em 26/10/2010
Reeditado em 27/10/2010
Código do texto: T2580541
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