Hino A Lorca
Na terra de teus passos
Urdira estrelas a teus pés
E a Andaluzia de tua Granada
Lhe fora tão ingrata!
Pobre poeta, grande poeta!
Reclinas-te a arte em teu sangue
E escondeu em tua carne outra carne
Igual a tua; - Sabes, o amor é para amar
E dele nasces-tes para retribuir.
Dentre constelações de letras
Foste o verbo e o epitalâmio dos astros
Que embora destruidos pela guerra
De homens sem almas e prostrados ao fogo
Te fizes-tes sentir um estrangeiro em tua pátria
Erroneamente... Combates-tes com tinta
As covas dos esquecimentos
E perpetuou tua essência com a imortalidade de tua métrica.
Foste a sonata de Luas quando falavas;
Cantavas lilázes com uma flor entre o peito
E semeava o mesmo perfume no teu coração de menino
Que tanto se perdeu, embora pouco viveu nessa vida de ninguém!
Combates-tes o esquecimento...
Na híbrida península de teu martírio
De anjo nu
Tocas-te a alma como ninguém. - Lhe fora ela
O instrumento mais tenro quando caiu em tuas mãos;
E o que fizes-te? A segurou nos punhos do coração
E a colocou no cibório do calvário de teus sonhos
E mesmo quando lhe agarraram ferozmente com o chumbo
O barulho que a pólvora dentro da voz da treva gritou;
- A bala no teu crânio foi o amor que te beijou...