USINA DA CANA QUEBRADA(OU O GRANDE CALOTE)
na curva da estrada
a vida parada
na curva da estrada.
restos selvagens
do capital bolorento
na curva fechada
da cana quebrada.
na curva da estrada
a mata folhada
a vida afogada
no sabor do nada
da rotina acabada.
na curva da estrada
os restos mortais
de uma safra apagada.
braços cansados
emergem do nada
buscando a voragem
do coma alcoólico,
esperança do nada.
na curva da estrada
a dança macabra
dos braços rasgados
em troca do nada.
na curva da estrada
a mão traiçoeira
no bolso enfiada.
na curva da estrada
os homens sedentos
herança faminta
da usina quebrada.