A ladeira ...
Vou descendo a ladeira e vou contente.
Vejo flores, vejo gente.
Vou caminhando lado a lado com a
minha solidão.
Vou descendo a ladeira e vou tranqüilo.
Desfaço-me! Me esquivo das maldades
da ilusão.
Vejo amores, vejo terrores!
E vou descendo, pensando no presente.
E na cabeça: pensamentos indecentes!
E nossas vidas andando na contramão.
Ah! mas quando subo a ladeira, eu
me perturbo.
Piso forte, piso fundo!
Me encontro perdido num mundo de
medo e sedução.
Na subida da ladeira coração palpita.
Gente nova se irrita sem saber qual a razão.
Menina sobe, menino desce!
Carro buzina, cachorro late!
Mulher bonita, malandro bate!
Dia após dia, vou subindo e descendo.
E a cada instante o mundo ensina que é
preciso ser constante.
E que a esperança é uma forma de esquecer
a solidão.
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