ALÇANDO O VÔO INFINITO

E a lua cega não via

Do interior de seu quarto

Aquilo que acontecia

No interior do poeta

Pássaro negro em claro

A perambular solitário

Buscando estrelas no céu

E (des)amores no chão.

À mingua a lua sentia

O triste adeus do poeta

Que subitamente partia

Alçando o vôo infinito

Voando pra longe do tempo

Saltando pra além do espaço

Saudando o amigo mundano

Partindo o seu coração.

Agora o pássaro negro

Seria um menino poeta

Seria um alegre menino

Seria um eterno menino

Que olharia pro mundo

De um lugar-eternidade

Tempo qualquer de saudade

De total contemplação.

Que assim fosse poeta

E de onde você estivesse

Tua vista fosse linda

Tua vida fosse boa

Tuas dores passageiras

Teus temores fossem tolos

Teus amores fossem ninfas

E meu mundo inspiração.

Para tua nova vida

De vôos de liberdade

E tuas noites em claro

Fossem noites dionisíacas

Regadas à tinto vinho

Noites de fantasia

Embriaguez de poesia

E não mais de solidão.