CÂNTICO DO PERDIDO AMOR
Hoje a tristeza encostou-se em meu coração,
chegou-se de mansinho e foi nele se alojando.
Não pediu licença simplesmente foi entrando,
e, então, envolveu-o com o manto da solidão.
Neste meu transe hipnótico, nenhuma atuação
desenvolvi para impedir. Fiquei só observando
esse torpor intransponível que se foi formando,
e fez-me abdicar inteiramente da imaginação.
Agora eu canto o meu perdido amor em agonia.
Sinto a flecha chegar e transpassar dilacerando
meu coração, que vai pouco a pouco definhando,
como um pesadelo, o qual destrói a minha utopia.
Esse é um cântico de dor e que vai aumentando,
dia após dia, e segue disseminando a desilusão.
Como a ave de rapina que se nutre da aflição,
de quem vê todo o seu existir ir desmoronando.
Marco Orsi
25.10.2010