NÃO AMO A POESIA
Não amo a poesia mesma
quanto as coisas a que me refiro.
Meio de expressão,
é minha fuga momentânea...
Não consigo viver a poesia,
a vida é uma prosa sorrateira,
quando não uma segunda-feira eterna!
Não amo a poesia mesma
quanto as coisas a que me refiro.
Escrevo a loirice de mi Nina,
qualquer cor fraca de seus lábios,
a força doce de seus sonhos...
os tristonhos caminhos que percorro
A ela peço ajuda: poesia, socorro!
Não amo a poesia mesma
quanto as coisas a que me refiro.
Contra o tiro na garganta
disparado a cada soluço forte,
tinjo eu esse mar em mágoas,
pintado de calmas as águas
até que meu barquinho aporte...
Não amo a poesia mesma
quanto as coisas a que me refiro.
Ou digo não amá-la – puro charme.
pois, constante, reflito sua carne
sobre a pele de estrofes e versos...
Repito poemas sobre poesia:
mania circular de universo.