MINHAS LÁGRIMAS
Minhas lágrimas são rio
sem fim.
São uma fonte colorida
que brota dentro de mim.
São encostas sem plantas,
sem flores e semente.
As lágrimas são mantas
que cobre o violinista ausente.
Que some com o arco
pelo mar afora em seu barco.
Que não exprime som
nem canto nenhum sai de sua boca.
Minhas lágrimas são como mar
escuro na noite sem lua,
que se esconde da luz das estrelas
porque já não são mais tua.
Elas são tacanha,
que traz consigo antiga manha.
Minhas lágrimas são pesadas
por ver as mulheres sofridas.
Minhas lágrimas cobrem uma multidão
que andam atrás de mim
tentando entender as coisas da paixão.
Minhas lágrimas são como jardim...
Eu quietinho,
tenho minhas lágrimas
como flor e espinho.
Minhas lágrimas são inúmeras páginas sem fim.
INVITÁCION. Edinaldo Formiga. São Paulo: 19/10/10.