ESCRITURA

Poética, poesia, a profecia

Descobre o corpo da palavra nua

E revela feito cartomante

Escorre pela boca a frase crua

A pele tatuada de desejo

Em papel papiro pedra a escritura

Alegre e triste – profética e profana

Anjo e puta – sagrada e poética

Oral e desalmada e desumana

Insaciável de letra e de figura

Desnuda a alma, a mente, o organismo

Num escrito de texto visceral

Desfalecendo fatalmente o corpo vivo

Num verbo concebido de amor carnal

Expõe em pelo e carne e osso e vísceras

Marcando a pele fina feito couro

Ferindo a ferro, a sangue frio e fogo

Profética, poética, a poesia.