DE RESTOS DE POEMAS
gavetas cheias,
na faxina
reencontrei
pedaços que de mim contei,
retalhos de vidas inVITRO
remendos de amores
lutos
inglórias
vitórias
acêrtos...
COISAS que até esqueci
e outras que nunca lembrei
algumas ainda aqui
outras que jamais deixei...
faxina é coisa que a gente
faz e não sabe porque
deixamos juntar tanta coisa
que nem sabemos dizer
explicar o sentir
um papel de bala mofado
que nem sei de onde veio
um coração todo borrado
de papel cartão cortado ao meio..
faxina tem tanta coisa, caixas , caixinhas
cartões,
tem desenho de escolinha
dos filhos ainda bebês
dizendo mamãe te amo
sou pequeninho
do tamanho do botão....
ah!!! quanta coisa na gaveta
a vida presa
guardada resguardada
preocupada
de cânfora perfumada
cheiro de passado...
cheio de chôro represado
e algumas fotos vencidas...
até mexas de cabelos amarrados
numa fita....
que coisa estranha
ainda outro dia limpei
gavetas e cantos
eu faxinei...
não consigo entender
porque tanta coisa guardada
se os filhos já cresceram
e já não me escrevem nada ....
então de repente encontro
um lençinho de filó
com um coração bordado
PARA A QUERIDA VOVÓ
e meu olhos marejados
olham pra cada lado
um apêrto em meu peito
deixo a gaveta quieta
ela sou eu em secreto
sorvendo cada mensagem
vivendo cada passagem
guardando cada bagagem
cada laçinho de flor
resolvo largar a faxina
e fecho a gaveta
que assina...
NÃO MEXA..
.AQUI ESTÁ O AMOR...!


olguinha costa
Enviado por olguinha costa em 25/10/2010
Reeditado em 19/04/2013
Código do texto: T2578075
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