DOR-DE-FACÃO

dor-de-facão,

minha costela está em Vossas mãos.

No Éden, a chuva caiu

para matar a sede gota por gota

da hemorragia

e do barro vermelho

de onde veio, primeiro, a mulher!

dor-de-facão,

minha forma acomodou a dor de Adão.

Do Éden, a maça partiu

flertando com o cacho das uvas pagãs

enquanto vinhas

roubando frutas no pé

das árvores, segundo os homens!

dor-de-facão,

antes da espiga morrer, ainda broto,

no pé irrigado por São José,

há pelinhos pro pudor

vestidinhos de bonecas

e calcinhas rendadas

prontas para fogueiras

queimarem paus em grau terceiro!

dor-de-facão,

depois do corte, há risco de cicatriz

pelo filho que por sal chorará

a peçonha, a estátua, o veneno

não original de ter nome dado

na Sé em chuva registrada:

bendito fruto vindo do ventre

dos quartos caídos da serpente!