COPO DE LEILTE E A DAMA
COPO DE LEILTE E A DAMA
Um dia uma bela dama escorrega do barraco
E cai na lama junto com um copo todo branco
A dama bela e negra escrava africana
Que fugia de seu senhor numa caravana
Batizou tão bela flor de copo de leite
E achou que esta flor era símbolo do deleite
Colheu varias flores para usar como enfeite
E sob o brilho da fogueira brilhava como azeite
E ali surgia um amor a muito proibido
Era um mundo diferente e dolorido
Ele uma planta que gosta e vive na lama
E ela negra escrava, com jeitos de bela dama
Mesmo sem se importar com a falta de braço
E o encontro dos corpos num forte abraço
A negra sonhava que podia um dia amar sem igual
O lindo copo de leite de uma maneira original
E este ficou ali murchando sobre a lua
E ela dançando para ele toda bela e nua
Ela precisou aceitar que a planta não era príncipe
E ele aceitou que o humano não era da sua equipe
E assim ele ficou mais belo mais também ficou indiferente
Suas folhas brancas se partiram como não podia ser diferente
E ela humana que é apenas é dita ser racional
Jogou aos quatro cantos não sendo original
Que o pobre príncipe copo de leite era pura indiferença
E assim surgiu a sina da planta de ser o símbolo da indiferença
E mesmo passando os anos e os momentos
O copo esqueceu tal fofoca e não ficou no lamento.
E alguns ainda falam que quando a negra passa pelo charco
Todos os copos ainda suspiram e se curvam como um arco
Que triste sina desses dois que amam sem se amar
E no eufemismo o seu carinho eles vão proclamar.
André Zanarella 17-10-2010