Minha infância

Senti a presença da minha infância hoje.

Ela apareceu com seus cabelos brancos, macios como o algodão.

Sua voz rouca quase incompreensível e agastada pelo tempo

ainda guarda o doce encanto das histórias que me contava

enquanto me fazia cafuné, até que eu adormecesse em seu colo.

A presença de minha infância, por um momento me fez relaxar.

Permitiu-me, sentir a própria vida numa corrente sinestésica.

Tive a sensação de ter em minhas mãos a terra

na qual construía casinhas de areia e moldava uma vida de sonhos.

Senti o cheiro da goiaba colhida, enquanto me escondia

na brincadeira de pique ou me exilava para não ser repreendida.

Lá do alto, camuflada entre as folhas

Desejava ser parte daquela árvore que tinha galhos fortes e

raízes profundas, acolhia-me nos bons e maus momentos .

Hoje, quando senti a presença da minha infância,

Lembrei desse sonho de criança.

Porém, a melhor lembrança da minha infância

mostrou que minhas raízes estavam fixando-se,

não no solo,como a raiz da árvore,

e sim no próprio tempo, como ela fixou.

Luciana Netto
Enviado por Luciana Netto em 24/10/2010
Reeditado em 24/10/2010
Código do texto: T2576006
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