AMORENA
Quem sou eu para lidar
com a complexidade do mundo?
Totalizante inescrupuloso, eu sou poeta do mundo.
Tão irrisória me parece qualquer diferença,
qualquer imperfeição me é mentira!
Passo o rolo compressor.
Quem sou para lidar
com a inflexibilidade da sorte?
Do azar constante, da rima que não aparece...
Há no ar, cantante,
como ladainha, como prece:
mais poesias, mais incerteza, menos vestes...
Quem sou eu para lidar
com o mundo que me deste?
Tu és meu deus-dos-cristãos, Figura...
Qualquer coisas que falo de mim,
logo então se doura, como tu
– como o que há ao muro, detrás, Nu.
Quem sou eu a reclamar tua ausência?
pouca realidade me traz teu ser divino,
quão lindo o poema Passarinho – do jeito menino
Ponho minha cabeça, colchão de nuvens...
me aqueça teu sorriso, depois a tez;
Minha pele amorena a esperar a próxima vez.