PASSAGEIROS DO TREM
Extrair da terra
o puro sumo:
os lábios
toque de céu
as mãos no mar
recolhidas na concha,
existir finito do amar.
O amanhã pervivente
no afogado do amor:
inconseqüente
desejar
que haja
ao menos um dia
sem poente,
palma nua
desta mão chamada
espera.
O vento bate o rosto
roto de caminhos
e a memória
escavada
infiltra ausências
sobre os
vagões
da solidão.
– Do livro FORÇA CENTRÍFUGA. Porto Alegre: Livraria e Editora P. Alegre, 2ª ed., 1979, p. 29:30.
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