R.S.V.P.
não me convide para
rodinhas de violão
tampouco conte comigo
em qualquer comemoração
formatura
batizado
amigo-secreto
missa de finados
nem me lembre do natal
me esqueça em dezembro
morro no carnaval
pra ressucitar em abril
passo em branco
sigo calado
não me espere
nos noivados
nas bodas de ouro
nas inaugurações
não dou as caras
não compro sapato
não alugo roupa
poupe-me da fantasia
do disfarce de quem não sou
não me chame
pois não vou
minha solidão já me basta
abro mão dos doces
dos quitutes e abraços
das lembranças nefastas
que ressurgem à cada festa
dos rancores violentos e certeiros
como tiros na testa
prefiro ausentar-me
a sentar-me com quem apenas me tolera
que não se confunda meu coração
mas estou certo de que estimo esta distância
prefiro ausentar-me
a sentar-me com quem me olha com repugnância.