Até quando, José?
Vamos aturar
um país de ladrões.
Você vai se esconder
nos livros.
Os seus amigos
vão responder
por você.
A literatura ao longe
E a vida bem perto,
mas que nunca se correspondem.
Viver na terra do nunca
do marasmo dessa infância perdida.
Vamos observar
O que fomos
na passividade dos tempos.
Afinal, está difícil respirar
com o advento da corrupção
De nosso ar.
Sua mãe o traiu,
sua mulher o deixou,
seu sonho partiu
E nada mudou.
Até quando, José?
O mundo fechou
os olhos para você.
Mas internamente abriu
As portas do viver.
Ninguém mais lê Drummond
ou ouve música de qualidade.
Não se sabe mais o que é bom
nos parâmetros de nossa verdade.
Na verdade, José,
até quando irão roubar
a sua liberdade?