[00h23... Sombras de Pássaros em Tuas Mãos]
[Para a meditação de "Meus Momentos"]
Às vezes, furtiva é nossa passagem,
e o estranhamento de quem nos perde
é tão fugaz quanto as sombras
que fazem os pássaros rápidos...
Em toda a minha vida de sertão
e de cidade pequena, nunca vi um curiango!
Surgiam à boca da noite, em voos rasantes...
Mas eu nunca, nunca os via!
Silenciosos, eram como sombras,
quando cortavam, num súbito,
o ar frio da noite caindo sobre
os chifres do gado no curral...
[à noitinha, eu via mais os chifres...]
Somos assim, rasantes de sombras rápidas,
somos presenças instáveis: aptas para a traição
dos olhos, da boca, das mãos ansiosas?!
— Ah, já vamos nos perder — e nada importa!
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[Penas do Desterro, 20 de outubro de 2010]