Felicidade,
eu te diviso no romper da aurora,
no imortal perfume do agora
e no gosto incerto do amanhã.
Eu te adivinho nas lágrimas,
na mansarda dos castigos,
no silêncio da música que me alimenta,
na lucidez insana dos gritos.
Eu te pressinto na imensidão,
no azul que nuança o infinito,
nas horas frágeis da solidão
e na paz de estar comigo.
Eu te descubro, vivaz,
no burburinho da chuva que cai
e na ânsia que espera a morte
dos ódios que violentam a paz.
Mas eu te tenho, pleno ardor,
quando deixo a alma, lassa,
espreguiçar seu êxtase
e suspirar seu gozo,
nos braços tenros do amor.