Pensamento ao léu
Que a boca da noite me engula
Se a gula do saber e o que me irrita
Quanto mais na boca a coisa se derrete
Mais na noite a irritar do sabor se estrangula.
Estrumbica quem na boca da noite se intromete
E da grande farra a farfalhar ao léu, do céu, do fel...
Quero Fazer a boca engrandecer gulosamente o mel,
No pestanejar de cada estrela tua, na lua, espaço sideral.
Vamos seguindo a nuvem passageira, sem passagem pelo universo
Só meu verso tem vazante pelas veias escuras das nebulosas claras...
A vontade de cruzar o mundo, chegar ao pensamento teu, sem rumo...
E assim no inverso da roda, girando sem fim num grande buraco negro.
Borbulhando assim
Vejo transparente
A dança louca
Das peripetrácias.
Interplanetárias...
Galáxias que eu
Nunca vi ou vejo
Só no céu da boca.
Brilhantes sóis da
vida que se vai...
Da imaginária vida
Que cedo já se foi.