Proceloso

Na casa velha, noite escura.

Ventos, nuvens eletrizadas.

Nela balança a estrutura,

Relâmpagos e clareadas.

Lá fora um negro manto

Enche os olhos de cegueira.

Causa-me tanto espanto.

Quase perco a estribeira.

O galo quer cantar

Mas não se anima.

Prefere silenciar

Pois perdeu sua rima.

Granizo, chuva em borbotões.

Trovejadas e raios

Silenciam as multidões,

Desesperos e desmaios.

Tempestade enfurecida.

A Terra parte e treme.

O que vai ser da vida...

É como o barco sem leme.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 20/10/2010
Código do texto: T2568850